20/03/2007 22h18
TERCETOS DE DRUMMOND
A expressão POETRIX surgiu no final do milênio passado, mas a forma poética em tercetos não é nova. Apresentamos, abaixo, uma seleção de tercetos de Carlos Drummond de Andrade, publicados no livro AMAR SE APRENDE AMANDO, de 1985:
MINIVERSOS Tudo tem limite exceto o amor de Brigitte. Tevê colorida fará azul-rósea a cor da vida? Última atração na areia do Leme: a tiro, mata-se a baleia. 7 anos de idade. Muro de Berlim é eternidade. Biafra: a guerra come a safra de sua própria fome. Separatismo espanhol: lado do escuro, lado do sol. Quem papa a pílula poupa parto, papinhas, porém perde parúsia. Se o Papa ganha a Parada você me garante que a Amazônia será povoada? Às doenças mortais junta-se outra mais: transparente. Estruturas: afinal serão reformadas com soldo integral? Bruxuleia o ciro votivo a Nossa Senhora do Facultativo. O pintor a meu lado reclama: Quando serei falsificado? A moda cigana é passada a limpo na Limpeza Urbana? Cautela: em agosto não vire o rosto ao rei da vela. No festival da canção fica abafadinho o ai da inflação. A reforma universitária prevê o curso da reforma universitária. O censor olhou-se no espelho e censurou-o: Que horror! Carlos Drummond de Andrade in Amar se Aprende Amando Publicado por Poetrix em 20/03/2007 às 22h18
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